quinta-feira, 20 de agosto de 2009

PRÁTICA DE CONTEXTUALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO COMO UM PROCESSO COM O YOUTUBE NA DISCIPLINA DE FÍSICA



Algumas experiências no campo do Ensino de Física evidenciam que o contato direto com a experimentação proporciona um aprendizado significativo e prazeroso, contrastando com a concepção que a maioria dos alunos têm do que é estudar física. Em muitos casos, mesmo quando ela é ministrada por um profissional com a consciência pedagógica formada e bem direcionada, esta disciplina acaba sendo reduzida a um conjunto de equações descontextualizadas e desarticuladas com as outras disciplinas do currículo, bem como do meio social e cultural no qual os alunos estão inseridos. Os motivos que fazem um docente comprometido, se afastar de seus ideais pedagógicos, são os vais variados, indo desde a pressão exercida pelos pais de alunos e pelos gestores das escolas pelas vagas do vestibular, até mesmo a falta de condições mínimas que favoreçam a prática no ensino de física.
Ainda que algumas escolas particulares, e mesmo as da rede pública, invistam na implementação de laboratórios de física e na capacitação de seus profissionais para a operacionalização destes, a pressão sobre o professor para que trabalhe numa perspectiva voltada para os exames vestibulares, que na maioria dos casos se valem de perguntas capciosas e de questões que valorizam a memorização de fórmulas, fazem com que, na prática docente, os professores reduzam o processo avaliativo aos próprios instrumentos, que na maioria das vezes são essencialmente provas. Elas até mudam de nome, Verificação Parcial de Aprendizagem (VPA), Exame, Prova em dupla, Prova em trio, Prova individual, dentre outros; mas a essência do que defendem os que entendem avaliação como um processo, se perde totalmente neste contexto.
No primeiro semestre de 2009, o Ministério da Educação (MEC), apresentou a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) uma proposta para a unificação dos vestibulares das Universidades Federais (UF) brasileiras. A proposta do MEC é que o ingresso às Ufs seja feito via o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que apresenta um modelo de questões totalmente divergente dos atuais exames vestibulares. As questões do ENEM são construídas numa perspectiva interdisciplinar, e no que toca para disciplina de Física, é valorizada a compreensão do fenômeno; neste sentido a preparação para o vestibular, via de ingresso ao ensino superior, poderá caminhar junto dos ideais de educação que primam pelo “pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Desta forma, é necessário pensar o processo de avaliação na disciplina de Física, numa perspectiva que privilegie a experimentação e a relação do aluno com o mundo que o cerca.
Desde a década de 1980 o mundo presenciou uma revolução tecnológica que demandou um novo perfil de profissional, e esta nova exigência do mercado de trabalho corroborou para que, na escola, a maneira como era conduzido o processo ensino-aprendizagem fosse mais fortemente questionada. Esse questionamento dizia respeito às necessidades de desenvolvimento de competências e de habilidades para trabalhar com as mais diversas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), bem como acompanhar a crescente velocidade com que novos mecanismos tecnológicos são criados. Aqueles que nasceram meio a esta revolução, têm outras expectativas com relação à escola. Não faz mais sentido se deslocar de sua casa para ouvir preleções dos professores, por vezes descontextualizadas, se através da internet, na comodidade do lar, se pode acessar a um vídeo o qual faz tão bem ou até melhor do que faria o professor na sala de aula.
Atentando para esta nova expectativa, e observando que, o ensino da física deve ser efetivado mediante o uso das tecnologias do nosso tempo como ferramentas de auxílio na apresentação dos conteúdos, na Escola Estadual Professor Rosalvo Lôbo em Maceió os alunos do 2° e 3° ano do Ensino Médio foram convidados a assumir uma postura diferente no processo ensino/aprendizagem. Nestas turmas foi proposta uma atividade na qual os alunos deveriam formar grupos de até 5 componentes e construir um experimento que explicasse algum fenômeno natural dentro dos conteúdos abordados no primeiro e segundo bimestre (Eletrostática para o 3° ano e Termologia no 2° ano). Após a escolha do experimento, os alunos deveriam elaborar um roteiro.
O diferencial desta atividade é que a explicação e execução do experimento deveria ser gravada em vídeo e o resultado desta gravação deveria ser postada no site www.youtube.com, bem como o roteiro deveria ser postado no blog da disciplina (http://ivandersonpereira.blogspot.com).
Desde que o professor esteja capacitado para utilizar o vídeo com responsabilidade, este pode ser um bom aliado no processo se ensino-aprendizagem. Neste trabalho, vamos analisar o emprego de uma metodologia que interessa-se mais pelos processos do que pelos resultados; torna o aluno protagonista da sua aprendizagem; serve ao professor para, através das informações colhidas, reorientar a sua atividade; serve ao aluno para auto-regular as suas aprendizagens, consciencializando-o de que a aprendizagem não é um produto de consumo mas um produto a construir, e de que ele próprio tem um papel fundamental nessa construção.
Estes alunos tiveram três semanas para construir o experimento, elaborar um roteiro e disponibilizá-lo no blog da disciplina de física. Após a estruturação do experimento e elaboração do roteiro, eles deveriam apresentar o resultados de suas produções para a turma, de duas formas: na sala de aula, para que fossem feitas sugestões pelos colegas e pelo professor, e através da gravação de um vídeo de curta duração (até 3 minutos) o qual foi disponibilizado no site http://www.youtube.com. Os objetivos desta ação foram os de divulgar a produção científica destes alunos, estimular a produção de material numa perspectiva colaborativa, desenvolver habilidades com as ferramentas da web 2.0, blog e youtube; e incentivar a produção de material didático em autoria coletiva através do uso das TIC, bem como apresentar o processo de avaliação numa perspectiva formativa .

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